Pode Beber Amamentando? Riscos, Tempo de Espera e Orientações
Escrito por Yasmin Caroline.
Em 02 de setembro de 2025 às 23h02
Dra. Renata Giacometti explica os impactos do álcool no leite materno e o que toda mãe precisa saber para proteger o bebê
Não é recomendado porque o álcool, ao ser ingerido pela mãe, passa para o leite materno e pode afetar o bebê, que ainda tem um organismo imaturo e sensível. A quantidade, o tempo entre o consumo e a mamada e a frequência fazem toda a diferença.
A pediatra Dra. Renata Giacometti explica que o álcool não só atinge rapidamente o leite materno, como também permanece no organismo da mãe por um tempo proporcional à dose ingerida. Por isso, entender como funciona essa metabolização é essencial para evitar riscos desnecessários.
Por que o álcool na amamentação preocupa?
Quando a mãe consome bebida alcoólica, o álcool entra na corrente sanguínea e, consequentemente, no leite materno. Como o fígado do bebê ainda está em formação, ele tem muita dificuldade para metabolizar o álcool, o que pode gerar efeitos negativos mesmo em pequenas quantidades.
Segundo a Dra. Renata, não existe uma quantidade comprovadamente segura de álcool para lactentes. Mesmo o consumo considerado leve deve ser feito com cautela e planejamento.
Possíveis riscos do álcool para o bebê
Embora os dados sobre o consumo eventual ainda sejam limitados, estudos indicam efeitos negativos principalmente em casos de ingestão frequente ou abusiva. Entre os principais riscos estão:
- Sonolência ou sedação excessiva
- Irritabilidade ou agitação
- Redução na produção de leite
- Atraso no desenvolvimento psicomotor
- Prejuízo cognitivo e dificuldades escolares no futuro
A médica ressalta que o álcool pode impactar também o vínculo entre mãe e bebê, especialmente quando há alterações de humor e comportamento causadas pela substância.
O álcool afeta a produção de leite?
Além dos riscos para o bebê, muitas mães não sabem que o álcool também pode interferir na quantidade e na liberação do leite materno. O consumo de bebidas alcoólicas pode causar uma queda temporária na produção, dificultando a amamentação.
De acordo com a Dra. Renata Giacometti, o álcool reduz a liberação de ocitocina, hormônio responsável pela ejeção do leite. Com isso, o reflexo de descida pode ficar mais lento ou até bloqueado por algumas horas. “Mesmo que a mãe esteja produzindo leite normalmente, o bebê pode ter dificuldade para mamar porque o fluxo está reduzido”, explica a pediatra.
Esse efeito pode causar frustração na mãe e no bebê, dificultando o momento da mamada e impactando o vínculo entre os dois. Além disso, se o consumo for frequente, pode comprometer a manutenção da amamentação a longo prazo.
Por isso, mesmo em pequenas quantidades, o álcool pode atrapalhar tanto a qualidade quanto a continuidade do aleitamento. Entender esse impacto ajuda as mães a fazerem escolhas mais conscientes sobre o que consomem nesse período tão importante.
Quanto tempo o álcool fica no leite?
O álcool atinge seu pico no leite materno cerca de 30 a 60 minutos após o consumo, se a mãe estiver em jejum. Quando consumido junto com alimentos, o pico demora mais, mas ainda ocorre.
A eliminação do álcool depende da quantidade consumida e do peso da mãe. Veja a estimativa:
Doses consumidas
Tempo estimado para eliminação (mãe de 60-70 kg)
1 dose: 2 a 3 horas
2 doses: 4 a 6 horas
3 doses: 6 a 8 horas ou mais
⚠ ️ Importante: o álcool sai naturalmente do leite conforme é metabolizado pelo organismo. Não adianta “ordenhar e descartar” o leite achando que isso acelera o processo.
"Pump and Dump" funciona?
Muitas mães acreditam que, ao bombear e jogar fora o leite, o álcool desaparece do organismo. Mas isso é um mito.
Segundo a Dra. Renata, o famoso "pump and dump" não acelera a eliminação do álcool. A única solução eficaz é o tempo.A extração só é útil quando a mãe está com os seios muito cheios e precisa aliviar a produção — ainda que esse leite contenha álcool na mesma proporção do sangue.
Quando o consumo se torna preocupante?
O consumo ocasional, bem planejado e com tempo suficiente de espera, pode ser considerado de baixo risco. Porém, o uso contínuo ou em grandes quantidades é altamente desaconselhado.
Os efeitos do álcool em excesso podem incluir:
- Redução na produção de leite
- Intoxicação do bebê
- Prejuízos ao desenvolvimento cognitivo
- Alterações de comportamento e sono
A Dra. Renata destaca que a melhor forma de proteger o bebê é manter abstinência total durante a amamentação. Segundo ela, "por mais que um brinde pareça inofensivo, o risco existe — e a prioridade deve ser sempre o bem-estar da criança".
O que fazer se você consumiu bebida?
Se a mãe decidir consumir álcool, alguns cuidados são essenciais:
- Planeje o momento do consumo, preferencialmente logo após uma mamada, para garantir o maior intervalo possível até a próxima.
- Espere o tempo adequado antes de oferecer o peito novamente, conforme a quantidade ingerida.
- Evite amamentar se ainda estiver sob efeito do álcool ou sentindo sinais de embriaguez.
- Em casos de dúvida, consulte seu pediatra ou um profissional de saúde para ajustar a rotina com segurança.
A Dra. Renata reforça que a informação é a principal aliada da mãe que deseja continuar amamentando com segurança. "Não se trata de proibir ou julgar, mas de orientar com responsabilidade", afirma.
Conclusão
O álcool passa diretamente para o leite materno e pode comprometer a saúde e o desenvolvimento do bebê. Por isso, durante a amamentação, a recomendação mais segura continua sendo evitar completamente o consumo de bebidas alcoólicas.
Caso a mãe opte por beber de forma ocasional, é fundamental se planejar, aguardar o tempo de metabolização e, sempre que possível, contar com orientação profissional.
Para a Dra. Renata Giacometti, a escolha consciente faz toda a diferença: "A amamentação é um gesto de amor e cuidado. Cada decisão que tomamos nesse período precisa ser pensada com carinho e responsabilidade."
Um abraço da equipe Genuína Conexão! ♥