Lactantes podem comer camarão? Entenda os mitos e verdades

Dra. Renata Giacometti esclarece os mitos e verdades sobre o consumo de camarão na amamentação e explica o que realmente importa na alimentação da lactante

Durante a amamentação, uma das perguntas mais frequentes é: lactantes podem comer camarão? 

É comum surgirem dúvidas sobre o que comer e o que evitar. Muitos alimentos entram na lista de "proibidos" com base em crenças populares, mas nem sempre essas recomendações têm fundamento científico. 

Para esclarecer esse e outros mitos que envolvem a dieta durante a amamentação, ouvimos a pediatra Dra. Renata Giacometti, especialista em nutrição materno-infantil.

Lactantes não podem comer camarão?

Segundo a Dra. Renata Giacometti, não há uma proibição geral ao consumo de camarão durante a amamentação. 

“Se a mãe já comia camarão antes da gravidez e não teve reação adversa, ela pode continuar consumindo, desde que o bebê não apresente sinais de intolerância ou alergia", explica.

A dieta da lactante deve ser equilibrada e variada, priorizando alimentos nutritivos. Restrições só devem ser feitas quando há uma reação específica do bebê a algum alimento ingerido pela mãe.

Frutos do mar causam alergia no bebê por meio do leite materno?

Parcialmente verdade. É raro, mas pode acontecer. “Alguns bebês podem apresentar sensibilidade a proteínas que passam para o leite materno. No entanto, isso é individual. Não é motivo para todas as mães evitarem camarão preventivamente”, destaca a pediatra.

Se após o consumo de camarão o bebê apresentar sintomas como irritabilidade, cólicas intensas, manchas na pele ou regurgitação, o ideal é conversar com o pediatra para avaliar a necessidade de exclusão temporária desse alimento.

A mãe precisa mudar completamente a dieta ao começar a amamentar?

A recomendação é manter uma alimentação semelhante à da gestação: variada, rica em nutrientes e equilibrada. 

"Não há necessidade de cortar alimentos específicos se o bebê está bem. Dietas muito restritivas podem prejudicar a nutrição da mãe”, reforça a Dra. Renata.

Leite materno pode ficar fraco?

Um dos mitos mais comuns é o do "leite fraco". Todo leite materno é forte. Sua composição varia conforme as necessidades do bebê, mas ele sempre tem os nutrientes e anticorpos que o bebê precisa.

Não consigo ordenhar muito, então meu leite é pouco?

A produção de leite é estimulada principalmente pela sucção do bebê. O volume retirado com bomba ou manualmente não reflete a produção real. Peito não é estoque, é fábrica.

A alimentos como feijão, chocolate e repolho causam cólica no bebê? 

Depende. Não há consenso científico de que esses alimentos passem pelo leite materno de forma a causar cólica diretamente. No entanto, muitos deles são ricos em FODMAPs — carboidratos fermentáveis que podem causar maior produção de gases e desconforto gastrointestinal.

Em alguns casos, bebês mais sensíveis podem reagir a esses compostos. Por isso, vale observar padrões de desconforto repetidos após o consumo de certos alimentos. Se notar relação, é válido testar a exclusão e conversar com o pediatra para orientação.

A mãe precisa parar de amamentar se o bebê tem APLV ou refluxo?

A amamentação continua sendo recomendada mesmo em casos de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) ou refluxo.

Nessas situações, a mãe precisa seguir uma dieta de exclusão rigorosa, com orientação profissional. O acompanhamento nutricional adequado é essencial para garantir que a mãe continue bem nutrida e que a amamentação siga sendo segura e benéfica para o bebê.

O suplemento de ferro interfere na absorção do leite materno?

Não há prejuízo na absorção de ferro ou de nutrientes do leite quando o suplemento é dado corretamente. A mãe pode amamentar normalmente após a administração.

Alimentos com gosto forte mudam o sabor do leite e o bebê pode rejeitar?

Verdade! O sabor do leite materno pode variar de acordo com a alimentação da mãe — e isso não é um problema, muito pelo contrário.

A Dra. Renata Giacometti explica que “esses pequenos traços de sabor ajudam a preparar o paladar do bebê para a introdução alimentar, tornando-o mais receptivo a novos alimentos no futuro”. 

Alimentos como alho, cebola, curry ou brócolis, por exemplo, podem alterar levemente o sabor do leite, mas isso raramente causa rejeição. 

Na verdade, essa exposição precoce a diferentes gostos, ainda que sutis, pode até favorecer uma alimentação mais variada e saudável na infância. 

O que observar?

ACada bebê é único. Sinais como cólicas intensas, manchas, diarreia, sangue nas fezes ou agitação após a mamada podem indicar que algum alimento está provocando reação. Nesse caso, o pediatra deve ser consultado.

Dra. Renata orienta: “Evitar restrições alimentares sem motivo pode prejudicar a mãe e não trará nenhum benefício ao bebê. O caminho é observar com carinho e ajustar com orientação profissional, se necessário”

Conclusão

Lactantes podem comer camarão, sim! Desde que a mãe não tenha alergia e o bebê não apresente reações ao alimento.

Não existe uma lista fixa de alimentos proibidos durante a amamentação. O mais importante é manter uma dieta equilibrada, observar o bebê com atenção e contar com o apoio de profissionais qualificados.

Amamentar é um ato poderoso de amor e cuidado. Confie na sua intuição e conte com informações confiáveis para atravessar essa fase com segurança e tranquilidade.